quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Fazendo Amigos

Conclusão da manhã: nós adultos complicamos as coisas.
Hoje pela manhã, no metrô, enquanto esperava a estação para saltar, reparava em uma menininha sentada no colo de sua avó. Achei a cena bonita de se ver porque a menina cheirava sua avó, encaixava sua cabecinha em seu ombro e ficava esfregando seu rosto quadrado em seu pescoço. Em certo momento ela se deu conta de que estava aprendendo a estalar os dedos, e, por alguns instantes (com sua mãozinha esquerda) ela estalou os dedinhos, inclusive próximo ao ouvido da avó para que esta notasse sua grande nova habilidade. Já próximo à estação onde eu saltaria o trem estava quase vazio. Foi quando a menina que estava no colo da avó viu outra menina de idade similar. Elas deveriam ter algo entre seis e sete anos. Ambas se levantaram uma de frente para a outra, um pouco afastadas, e, rindo, procuravam se equilibrar com o trem em movimento. Tanto a mãe da nova menina, quanto à avó da outra, aprovaram a brincadeira e não interferiram. Elas ficaram se equilibrando por um tempo e depois passaram a andar por toda a extensão do vagão, indo e voltando, e rindo! Estavam se divertindo! Apesar de quase desejar brincar com elas, fiquei apenas olhando enquanto deixava escapar alguns sorrisos. Ainda durante a brincadeira, a menina que estava no colo da avó tirou do bolso um chiclete e o deu à sua nova amiga que o aceitou sem rodeios, e elas continuaram brincando. A estação chegou e saltamos todos. Foi então que me questionei: quando é que perdemos essa habilidade natural de fazer amigos? O que será que muda durante o processo de amadurecimento para que não possamos mais "nos equilibrar frente a um desconhecido e dar a ele um chiclete", como quem diz "acho que gosto de você, você parece legal"? Pensando sobre isso, não acredito que, após já ocorrido o tal processo de amadurecimento, seja possível reaver essa habilidade. No entanto, acredito que há algumas coisas que podemos fazer a respeito. Podemos sorrir mais, usar mais de gentilezas, dar bom dia, boa tarde e boa noite (para desconhecidos), agradecer as pessoas, abençoá-las... Talvez até oferecer um chiclete no metrô, assim, sem querer nada em troca, apenas pra reconhecer que a pessoa ao lado também é um ser-humano e que, talvez, ela até goste de chiclete, ou simplesmente ela ache bacana um desconhecido tê-lo oferecido. Sei lá... Ofereça um chiclete hoje!