Milagres não transformam nosso caráter. O caminho para algumas libertações envolve o passarmos por provas duríssimas. Ao sermos tratados por Deus, a cadeias começam a se romper. A grande questão não é vencer os demônios, mas sermos vencidos por Deus. Jesus discerne qual era a verdadeira causa do problema daquela mulher: o orgulho. O orgulho é a razão de muitos problemas (Pv 16:18a – "A soberba precede a ruína"). Jesus então decide provar a mulher, para que a libertação fosse desatada em sua vida familiar. Deus relaciona-se conosco pessoalmente, e também de maneira geracional, como família. Muitas coisas que acontecem conosco transformam pessoas em nossa família.
Jesus prova a mulher de três maneiras:
- 1ª Prova: Desprezo (v. 22 – 23) – Jesus não respondeu a mulher!!! Conseguem imaginar Jesus sendo “mal educado” com alguém?. Nessas oras de silêncio, o espírito de orgulho se aproxima e te diz: “Deus não te ama, Ele não se importa com você!”. Jesus desprezou aquela mulher publicamente! Uma multidão seguia a Jesus, e os discípulos pedem a Ele que despeça a mulher, pois ela vinha gritando. Os discípulos não queriam um “barraco”.
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2ª Prova: Descriminação (v. 24 – 25) – Os problemas e as pessoas têm raízes, e as vezes a solução desses problemas tem a ver com raízes. Jesus ataca as raízes familiares daquela mulher (ela era grega e não judia). O orgulho cultural precisava ser vencido na vida dela e de sua família. Naquela época os gregos eram a elite. Todo preconceito revela uma idolatria a si mesmo, pois você se considera superior. Jesus confronta o complexo de superioridade, e a mulher clama, derrotando o preconceito grego, o orgulho nacionalista: Senhor, socorre-me! Algo se rompeu através dessa declaração!
3ª Prova: Ofensa (v. 26 – 28) – Jesus toca agora na dignidade humana da mulher, Ele a ofendeu, considerou-a como um animal. Os cananeus são os filhos de Canaã, que era filho de Cão, que, por sua vez, era filho de Noé. Cão desonrou a Noé descobrindo sua nudez (Gn 9:21-25). Por causa disso, Noé amaldiçoou ao filho de Cão: “Maldito seja Cannã, filho de Cão”, parafraseando, “a mesma desonra com a qual me tratou, seu filho vai te tratar”. A cultura Cananéia revela a desonra à autoridade e o desprezo às coisas sagradas. Jesus chama a mulher a uma posição de intercessão, para quebrar o padrão de sua linhagem. Ela então se humilha: “temos agido como cães, desprezando as coisas sagradas, mas os cachorrinhos comem do chão”. Nesse instante, sua última gota de orgulho morre, algo se rompeu ali. Jesus fica feliz porque a mulher suportou a prova. Ela não desistiu em momento algum. Ela se humilhou, se prostrou, adorou! Essa prova produziu libertação. Ninguém expulsou os demônios, eles foram embora sozinhos.